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Assim como na sua obra maior "K", B. Kucinski poderia iniciar "A NovaOrdem" repetindo "tudo neste livro é invenção, mas quase tudoaconteceu" ou "está acontecendo". A narrativa aterradora e envolventesobre a "nova ordem" no Brasil ... more
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Assim como na sua obra maior "K", B. Kucinski poderia iniciar "A NovaOrdem" repetindo "tudo neste livro é invenção, mas quase tudoaconteceu" ou "está acontecendo". A narrativa aterradora e envolventesobre a "nova ordem" no Brasil da ficção nos lembra aquilo que HannaArendt nomeou de "banalidade do mal" referindo-se aos criminososnazistas e a seus crimes. A insanidade e o grau de desumanizaçãodaqueles que comandam a "nova ordem" é de tal magnitude que asociedade anestesiada não consegue acreditar no que vê e, da mesmaforma, não sabe como reagir. O inimigo principal são os "utopistas" etodos portadores de pensamento crítico. Como o tamanho do "mercado"interno necessário é de 30 milhões de famílias há de se reduzir o"excesso populacional". Não interessa se constituem um grupo humano de 90 milhões de pessoas. Busca-se, então, a forma mais eficiente delivrar-se deles ao menor custo e no prazo mais curto. Os principaispersonagens da narrativa são figuras patéticas. Dois são especialmente representativos da "nova ordem": o capitão médico psiquiatraAriovaldo que conquista fama internacional por suas descobertas epráticas de controle humano através de chip obrigatoriamente instalado nos cérebros da população e o ex-engenheiro Angelino tornado catadorde rua, que tem flashes de lucidez diante da monstruosidade vigente.Ao que parece a "nova ordem" entra em colapso por suas própriasloucuras. Em algum momento constata-se que as pessoas haviam deixadode sonhar. E sem sonho, não há como sobreviver. Nem mesmo na "novaordem".Venício A. de Lima
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